VIVER PARA NÃO EXISTIR NO FINAL

A imagem pode conter: 1 pessoa, close-up

( foto de Bruno Limas )
Todos sabemos que o Brasil é considerado o país que mais mata pessoas travestis e transexuais no mundo , isso não é mistério pra ninguém .
Para alguém como eu que sou uma pessoa trans, e vivo no universo LGBTT, a noticia diária de pessoas assassinadas é constante na minha time line das redes sociais, um caso mais terrível que o outro , mortes brutais, com requinte de crueldade , crimes que jamais são solucionados deixando assassinos sem nenhuma punição.
Mais o assunto que eu realmente  quero falar aqui nessa postagem é a questão do desrespeito com essas pessoas mesmo depois da morte ,
Temos uma luta gigantesca que começa na nossa mais profunda intimidade, que é entender que não pertencemos ao gênero ao qual nascemos, e logo após essa luta , interna vem a luta com o corpo , transformar o corpo que é um processo extremamente doloroso e caro e demorado, que dependendo do procedimento ou do tratamento colocamos em risco a nossa própria vida, passado isso vem a luta diária para sermos respeitadas pelo gênero que nos pertence , ouvindo que somos aberrações, a justiça que nos nega a retificação do nome que nos identificamos, sendo obrigadas a passar pelo constrangimento diário de ter documentos de um gênero que não nos representa,
E o pior de tudo isso,
É na hora da nossa morte, onde sabemos que devemos respeitar  o memoria da pessoa falecida, somos mais desrespeitadas ainda , a mídia em geral noticia
 MAIS UM TRAVESTI MORTO NESSA MADRUGADA (Tudo escrito no masculino, no caso das mulheres trans)

HOMEM VESTIDO DE MULHER É ASSASSINADO COM REQUINTES DE CRUELDADE
 (Não somos homens vestidos de mulher)

"FULANO" DE TAL VULGO "FULANA"  FOI ENCONTRADO MORTO   
(como se nosso nome fosse um nome fantasia e nós aquele ser que ninguém conhecia )   

NOS VELÓRIOS, pessoas chamo a falecida pelo nome masculino, muitas enterradas com roupas as quais jamais usaram durante toda a sua vida, pois o que menos importa para as pessoas é o gênero a que ela se reconhecia)

NA LAPIDE, UM NOME MASCULINO , 
JAZ AQUI FULANO DE TAL .

Ai eu penso toda a minha luta foi em vão ?
Todo o meu sofrimento não foi reconhecido ?
A minha verdadeira história sera apagada para sempre ?

Sempre alerto minha familia e amigos
POR FAVOR ME RESPEITEM NA HORA DA MINHA MORTE PELO MENOS .

NÃO QUERO VIVER PARA NO FINAL NÃO TER EXISTIDO .

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

MUITO ANTES DE PABLO VITTAR

O que é essa tal de Selma Light ???

10 TIPOS DE HOMENS, ESTILO COMIDA DE POSTO